Estabelecidos e outsiders na universidade pública: uma análise de política pública de inserção e de identidade

Abstract:
A despeito das concepções acerca da identidade serem diversas, elas dizem respeito às representações que os indivíduos elaboram sobre si mesmos e os outros, sendo construídas na relação do indivíduo com o outro, como resultado dos diversos processos de socialização (DUBAR, 1997), sendo as organizações um espaço privilegiado de construção de identificações e de definições de si e dos outros (SAINSAULIEU, 1997). A identidade é construída na prática (CIAMPA, 1991) e dentro de um contexto específico de ação, podendo-se afirmar que a identidade é construída no contexto das relações de poder. Neste jogo de poder, a questão da identidade e do reconhecimento emergem como categorias relevantes de análise, pois envolve a inclusão de grupos preteridos historicamente. Se a análise da identidade e do reconhecimento (HABERMAS, 1983; HONNETH, 2011) são importantes por evidenciarem a política de diversidade e a busca de indivíduos pela emancipação (CIAMPA, 1987; HONNETH, 2011), é igualmente importante analisar tais categorias levando em conta a questão da redistribuição e da participação destes grupos na configuração social e de poder (FRASER, 2002). No campo dos Estudos Organizacionais é crescente o interesse no tema da diversidade. Neste sentido, a pesquisa desenvolvida tem como foco o caso dos estudantes de uma universidade federal brasileira, considerados aqui, como pertencentes a grupos outsiders, daí a necessidade das ações afirmativas adotadas pelas instituições, mediante uma política pública que as sustentam. Tais ações constituem-se numa política de identidade – dimensão coletiva e integradora da identidade. Por outro lado, cada indivíduo tem a possibilidade de buscar sua própria identidade – dimensão individual – enquanto identidade política. Na prática, percebe-se uma relação entre estabelecidos e outsiders (ELIAS, JOHNSON, 2000; BECKER, 2008). No caso da instituição investigada, e no contexto de uma política pública que pode ser considerada tanto como uma espécie de resgate de uma herança histórica de exclusão, quanto de estímulo à diversidade, a pesquisa teve como objetivo compreender o processo de construção da identidade de indivíduos e grupos de estudantes tido como outsiders, articulando as políticas e práticas de reconhecimento tanto da instituição quanto daqueles indivíduos e grupos, e como se dá a relação entre os outsiders e os estabelecidos. Para tanto, foram ouvidos sujeitos considerados pertencentes à categorias dentro do espectro da diversidade, baseados em critérios distintos como raça, gênero e orientação sexual. Também foram analisados documentos e políticas institucionais e entrevistados gestores alinhados à questão na universidade. Foi realizada tanto análise de conteúdo quanto de discurso, de modo a captar os núcleos de sentido dos discursos dos respondentes. Os resultados apontam para uma situação ambígua e contraditória, em função de preconceito velado e dificuldades de reconhecimento recíproco.
Área(s) temática(s):
Año:
2017
Tipo de publicación:
Paper/Extenso Congresos GIGAPP
Palabras clave:
Congreso GIGAPP
Número:
GIGAPP2017
Serie:
VIII Congreso Internacional en Gobierno, Administracion y Politicas Publicas
Dirección:
Madrid, España
Organización:
GIGAPP. Asociación GIGAPP
Mes:
Septiembre
Comentarios:
Propuesta aceptada Ponencia/Comunicacion 2017-54 Políticas públicas para a diversidade cultural