Alcances e limites do ativismo virtual

Abstract:
O artigo, decorrente de pesquisa de doutorado do autor, aborda a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC), em especial a Internet, como instrumentos de mobilização, comunicação e ativismo social e político. Destaca exemplos de seu uso por movimentos sociais nos anos recentes e sua incorporação na gestão pública. Parte do discurso dominante de que o ambiente virtual é desprovido de hierarquias e constitui um campo de livre manifestação. Porém, apesar da disseminação que as TIC têm alcançado no enfrentamento à mídia hegemônica, procura alertar que o ambiente virtual não é descolado do ambiente real, pois reproduz conflitos, disputas e assimetrias da realidade concreta. Como exemplo da relação entre real e virtual, é apresentada a crescente militarização promovida por governos como forma de controle e intimidação dos movimentos sociais, que atua também no ambiente virtual controlando vidas, escolhas e ação política. Isto porque a expansão das TIC, que deram suporte ao processo de globalização de mercados, causaram profundos impactos nas pessoas e na sociedade. Sua utilização não só propiciou a circulação de capitais pelo planeta, como também disseminou o modo de vida e a cultura dos países hegemônicos. Um modo de vida que subsume culturas e universaliza um tipo de sociedade pautada pelo intenso consumo. Isso evidencia que tecnologias não são neutras nem autônomas em relação à realidade social. São produtos dela e a reproduzem com relações de poder e interesses dominantes. Ademais, ao acessar a rede as informações são registradas e armazenadas. O tráfego pode ser monitorado, rastreado e o usuário acompanhado em seus movimentos virtuais. Nesse ambiente, a liberdade pode ser aparente ou restrita, do mesmo modo que na realidade concreta. No caso de Brasil e América Latina, segurança e privacidade da rede se tornam mais graves devido ao fato de que os caminhos da Internet passam pelos Estados Unidos. A vigilância não se restringe aos cidadãos. Tudo pode ser monitorado. Assim, utilizar TIC requer entendimento dessa realidade, bem como de seus alcances e limites. Porém, a conclusão não é pelo abandono do ativismo virtual, mas por sua articulação com a realidade concreta, local privilegiado para a transformação social. A disputa do espaço da Internet pode ser um caminho útil na identificação de problemas e de luta política para a construção de uma nova sociabilidade. Seu uso social pode se contrapor à mercantilização e militarização ou mesmo ao uso que grandes corporações de mídia fazem para expandir o discurso hegemônico. Essa disputa poderá redundar numa Internet como local para a construção de outras narrativas que confrontem narrativas hegemônicas e ofereçam outros olhares e entendimentos críticos acerca da realidade, articulando-se com o ambiente real na ação política contra-hegemônica.
Área(s) temática(s):
Año:
2017
Tipo de publicación:
Paper/Extenso Congresos GIGAPP
Palabras clave:
Congreso GIGAPP
Número:
GIGAPP2017
Serie:
VIII Congreso Internacional en Gobierno, Administracion y Politicas Publicas
Dirección:
Madrid, España
Organización:
GIGAPP. Asociación GIGAPP
Mes:
Septiembre
Comentarios:
Propuesta aceptada Ponencia/Comunicacion 2017-13 Internet Sociedad y Política: análisis y prospeccion del gobierno digital.