Produtivismo acadêmico nos programas de pós-graduação na universidade brasileira: um estudo de caso

Abstract:
O chamado “produtivismo acadêmico” é compreendido como a busca incessante de produção sem uma preocupação essencial com o conteúdo, que busca apenas atender a critérios quantitativos de produção. Diversos estudos têm sido realizados, destacando-se aqueles que têm evidenciado, por exemplo, os impactos sobre a saúde dos pesquisadores, as condições de vida e de trabalho, a questão da autoria neste contexto, e a colaboração e a solidariedade entre pares. No campo da Administração, destaca-se três ensaios: Alcadipani (2011), que aponta uma série de práticas adotadas pelos pesquisadores, especialmente os professores, ao exigir que alunos produzam um artigo para cada disciplina cursada, bem como assinam em coautoria artigos cujos temas, por vezes, sequer dominam. Faria (2011) analisa os antecedentes deste tipo de situação a partir de uma perspectiva internacional, tendo como foco o campo da Administração, mostrando como a área buscou maior reconhecimento e reputação acadêmica por meio das publicações. Finalmente, Freitas (2011) aponta as disfunções do sistema atual de avaliação da produção acadêmica, que vem acarretando, numa relação dialética, mudanças no papel do professor-pesquisador-orientador, que vem se transformando numa espécie de “faz tudo”, a produção de trabalhos e artigos sem nenhuma contribuição acadêmica real, que se limitam a reproduzir o que vem sendo estudado, de modo a não assumir riscos e, de certo modo, garantir sua produtividade, dentre outras práticas e situações. A busca por produtividade constitui uma política estimulada pelo governo federal, alinhada a uma lógica competitiva internacional, que vem assumindo o papel da universidade como agente de desenvolvimento econômico e que, para o desempenho deste papel, deve gerar conhecimento rapidamente e útil, que possa ser aplicado com o fim de gerar resultados econômicos. Em outras palavras, assume-se o pressuposto que a finalidade da educação superior é a mera formação de recursos humanos para o mercado de trabalho, especialmente para o setor produtivo privado. Percebe-se que, na prática, as instituições vem assumindo as características da universidade empreendedora. Neste contexto, e dentro deste ordenamento, parece-nos que o produtivismo acadêmico constitui uma prática compatível com seus pressupostos, na medida em que a produção se constitui em indicador de desempenho e de critério de alocação de recursos por parte das agências e das próprias universidades, seja por meio, por exemplo, das chamadas “bolsas de produtividade”, seja por meio dos auxílios à pesquisa, financiamento de eventos . Diante destas questões, o artigo analisa como os pesquisadores – professores, mestrandos e doutorandos – de diversos programas de pós-graduação de uma universidade federal lidam com a questão da produção acadêmica, a partir das políticas estabelecidas pela Capes. As estratégias são diversas, não constituindo uma unanimidade, nem quanto às políticas de produção, nem quanto à forma de enfrentá-las.
Área(s) temática(s):
Año:
2017
Tipo de publicación:
Paper/Extenso Congresos GIGAPP
Palabras clave:
Congreso GIGAPP
Número:
GIGAPP2017
Serie:
VIII Congreso Internacional en Gobierno, Administracion y Politicas Publicas
Dirección:
Madrid, España
Organización:
GIGAPP. Asociación GIGAPP
Mes:
Septiembre
Comentarios:
Propuesta aceptada Ponencia/Comunicacion 2017-49 Los Organismos Internacionales en la definicion de políticas públicas de educacion en Iberoamérica
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