O uso de rankings: uma nova versão do gerencialismo para as universidades públicas brasileiras?

Abstract:
A universidade brasileira, desde sua criação, passou por remodelações provocadas por inúmeros fatores, sendo que se destacam os múltiplos papeis a ela atribuídos, desde geradora de inovação até centro de formação de profissionais. Historicamente, este embate foi refletido pelas formas de avaliação do seu desempenho, inclusive continuamente questionado através de medidas de eficiência e resultados. Nos anos 1990, no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, buscou-se modificar a visão desta instituição, até então considerada anacrônica e desperdiçadora de recursos, quando orientações da lógica do gerenciamento privado intensificam ingresso na administração pública. Este contexto caracterizou nova crise institucional na universidade, já inserida no cenário de desinvestimento público e mercantilização do ensino, reflexos da adoção do modelo de desenvolvimento neoliberal. Mesmo com mudanças nas políticas educacionais nos governos Lula, essa orientação produtivista se manteve. Neste intervalo, à universidade atribuiu-se ainda uma nova missão: a de promotora do desenvolvimento, especialmente por vias do direcionamento de seus esforços para produção de inovações tecnológicas. A sanção da lei 10.973/04 (Lei da Inovação), ao formalizar o estímulo à aproximação entre instituições de ciência e tecnologia, empresas e universidades contribuiu para que tomasse força a discussão das contribuições da universidade para a sociedade. Considerando a nova missão da universidade, surgem medidas que, reforçando a abordagem gerencialista, estimulam o comportamento das universidades como empresas, trazendo traços de concorrência e competição. Os rankings são mecanismos que atuam neste sentido, como o recentemente publicado sobre as Universidades Empreendedoras, elaborado pelo movimento Brasil Júnior, ou o Ranking Universitário Folha, realizado anualmente pelo jornal Folha de São Paulo. No campo da educação, eles são divulgados como relatórios inquestionáveis de avaliações do desempenho universitário, possibilitando mutualidade comparativa entre as instituições, que tendem a buscar ampliação permanente de seu desempenho a cada período, para reforçar sua competência e eficiência frente ao público externo. Entretanto, esses rankings geralmente partem de avaliações unidimensionais ou, ainda que multidimensionais, estritamente quantitativas, incapazes de captar toda a complexidade do objeto estudado. Este artigo, com abordagem qualitativa, realizará uma pesquisa exploratória a partir de fontes bibliográficas e documentais, objetivando evidenciar as implicações do uso de rankings para avaliação das universidades como uma nova forma de manifestação de tendências gerencialistas. A administração pública, como um campo em constante renovação e modificação, requer estudos que possam lançar um olhar mais aguçado sobre questões contemporâneas. Assim, esta proposta se justifica pela busca de compreensão acerca de um fenômeno atual, capaz de afetar a dinâmica de ensino, pesquisa e extensão na universidade pública brasileira, bem como a configuração de sua identidade.
Área(s) temática(s):
Año:
2017
Tipo de publicación:
Paper/Extenso Congresos GIGAPP
Palabras clave:
Congreso GIGAPP
Número:
GIGAPP2017
Serie:
VIII Congreso Internacional en Gobierno, Administracion y Politicas Publicas
Dirección:
Madrid, España
Organización:
GIGAPP. Asociación GIGAPP
Mes:
Septiembre
Comentarios:
Propuesta aceptada Ponencia/Comunicacion 2017-38 Los retos de la gestion en instituciones para la capacitacion de empleados públicos
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